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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Expedição Raio X das Américas - Venezuela parte 3 - Mérida, San Cristobal, San Antonio na fronteira com a Calômbia

Venezuela parte 3 – Mérida, San Cristobal, San Antonio na Fronteira com a Colòmbia

23/10/15 à 13/11/15
Saímos de Chichiriviche pela manhã e chegamos em Mérida a noite, passamos por diversas cidades, erramos alguns caminhos, por fim para chegar em Mérida, passamos pela cordilheira com vista para lindas montanhas e cachoeiras, tomamos um bom café da serra e comemos morangos com nata, típico do local, quando chegamos lá estava um temporal, nossa primeira chuva de verdade, nos molhamos muito até encontrar uma pousada a Juan de Milla, que por sinal muito boa, com ar condicionado, café da manhã, estacionamento e excelente atendimento por apenas 2.800 bolivares, (R$18,06), pela manhã fomos conhecer o famoso teleférico que é o maior do mundo em extensão com 12.5km e altura de 4.765m, sai da cidade de Mérida até o topo do Pico Espejo no Parque Nacional da Sierra Nevada nos Andes, mas infelizmente estava fechado para reforma e não tem previsão para abrir (coisas da Venezuela), como esta terminando o inverno não vimos neve. A cidade é grande com clima agradável parecido com da nossa região, muito limpa e com ruas estreitas, depois de comer um enorme e delicioso suspiro terminamos nosso passeio pelo centro da cidade e seguimos para San Cristoban que chegamos à noite, não gostamos de chegar à noite nas cidades, pois fica difícil a localização, e neste dia aconteceu, sofremos com várias informações desencontradas, até que enfim conseguimos chegar, passamos a noite e logo seguimos para San Antonio, última cidade da Venezuela na fronteira, seguimos direto para aduana e fomos surpreendidos por impedirem nossa passagem, sabíamos que a fronteira estava fechada para os Venezuelanos e Colombianos, pois de acordo com informações que obtemos durante a viagem para estrangeiros estava normal, como era domingo não tinha nada aberto, optamos por passar a noite num hotel para depois resolvermos. A cidade é feia e suja, quase todo o comercio está fechado devido à fronteira estar fechada, retornamos para maiores informações e foi ai que encontramos um morador que disse desta maneira, “aqui quem manda é o General Martinez, foi nomeado o comandante geral da região pelo Presidente Maduro”, e que deveríamos procurar ele no aeroporto que foi fechado e ficou de uso exclusivo do exército, tornando-se o QG deles, chegando lá procuramos o tal General, mas ele não estava, por sorte fomos atendidos pelo encarregado imediato o Comandante Vianna, que por sinal falava bem português, pois fez um curso no nosso exército durante 08 meses (coisas do Lula com Hugo Chaves), ele nos informou que não seria possível e sugeriu que procurássemos nosso consulado para pressionar as autoridades, contatamos o consulado para nos auxiliar, disseram que era uma situação nova para eles, no início não conseguiram nada, mas depois de nossa insistência e passarmos várias informações da situação entenderam e foram atrás. A partir deste dia ficamos acampados no estacionamento do aeroporto, o comandante liberou os banheiros e o que mais fosse necessário, durante este período fizemos nossa comida no estacionamento, e já estávamos “amigos” dos soldados que inclusive trocamos face book e outras informações do nosso país, os soldados sempre com metralhadores, mas com o passar do tempo nem percebíamos o perigo, fizemos muitas amizades com várias pessoas, inclusive com duas meninas das lojas de variedades a Karla e a Eliana muito legais, tomávamos banho um dia no acampamento deles que fica na pista, outro no alojamento dos policiais, e também no alojamento dos soldados rasos, como sempre as mulheres têm privilégios, a Jô conseguiu tomar banho no alojamento das mulheres que tinha apenas duas, então tinha um pouco mais de conforto, num sábado o Marcos jogou futebol com os soldados e oficiais do exército, sempre nosso consulado entrava em contato conosco e depois de seis dias o consulado conseguiu contato com uma Igreja brasileira daqui da cidade que veio até nós para oferecer alojamento e o que for necessário, agradecemos, pois nessa altura já estávamos bem acomodados em todos os sentidos.
Durante este período chegou um casal de franceses de 65 anos cada, na mesma situação, e logo depois outro casal de argentinos, os franceses mal sabiam falar em espanhol e estavam sofrendo com isso, eles estão viajando durante 08 anos, ficamos muito amigos deles, são bem amáveis, ela chama-se Madu e ele João Paulo, nos divertíamos muito com o sotaque deles tentando falar em espanhol, o casal jovem de argentinos a Eli e o Léo e seu cachorro, sempre atenciosos e ficamos amigos, moravam no México e estão indo para Argentina de trailer. Uma semana antes de sairmos chegou outro casal da Itália que estão fazendo o trajeto Ushuaia ao Alaska, o Narciso um cara de bom humor sempre fazendo brincadeiras e a Lola sua esposa muito querida, fizemos uma amizade legal com eles que nos convidaram para almoçar no seu caminhão uma bela pasta, inclusive ele nos filmou para mostrar como comemos um macarrão.
Durante o período que estávamos no aeroporto chegou o Juan a Ru e seus filhos para oferecem uma ajuda, trouxeram uma sopa chamada pisca andina e arepas com queijo, eles são fabricantes de roupas para bebes na Venezuela, são maravilhosos, ficam aqui nossos agradecimentos e muitas saudades.
Finalmente após muitas negociações com as embaixadas fomos autorizados a passar para a Colômbia no dia 13/11.
No inicio tínhamos uma visão diferente do fechamento da fronteira, pensávamos que era apenas uma maneira do governo Venezuelano de chamar a atenção, mas a verdade é que ele tentou ajudar a população talvez de uma maneira rigorosa, o que ocorre é que a Venezuela fornece alguns tipos de alimentos subsidiados, que fica barato para a população, mas como a Colômbia tem um custo de vida mais caro, o povo cruza a fronteira para comprar aqui, pois a moeda deles é mais forte, e neste caso faltam alimentos na cidade, inclusive o povo da Venezuela vai à Colômbia para vender estes produtos para ganhar algum dinheiro.
Queremos explicar melhor como está a situação na fronteira, há dois meses foi fechada sem aviso prévio, então ficou Venezuelano na Colômbia sem poder retornar e vice-versa, o exercito tomou a cidade e fez do aeroporto seu QG, aonde o povo vem para pedir a liberação de seus familiares para passar na fronteira, vimos muitas dessas chorando e infelizmente não são atendidos, casos como um Colombiano que mora e tem família na Colômbia e ficou aqui sozinho e não pode retornar, outro de uma mãe que esta com sua filha na Colômbia e não consegue buscar, entre vários casos, este tipo de atendimento deveria ser feito por pessoas treinadas e não por soldados, o que ouvimos era sempre assim, “não podemos fazer nada é uma decisão do governo” e sempre achavam algum documento que estava faltando para poder dizer não.
Durante o tempo em que ficamos aguardando chegou um pessoal com um carro de funerária e um caixão dentro, não conseguimos saber qual era o pedido, mas parece que queriam levar o corpo para a Colômbia para enterrar e não foram autorizados.
Vamos falar o que vimos da Venezuela....
O país enfrenta sérias dificuldades e o povo está sofrendo muito, o sistema de governo implantado pelo Hugo Chaves e agora com Nicolas Maduro, o socialismo, está provado que não funciona.
Foram desapropriadas várias empresas e nacionalizadas outras, mas agora não produzem nada, e o governo não tem competência para administrá-las.
O governo fornece os principais itens da cesta básica com valores subsidiados, o cidadão tem um cadastro e só pode comprar a quantidade estipulada e sempre é pouca, então está faltando itens nos mercados gerando filas para ver se conseguem alguma coisa, como o país não produz praticamente nada a reposição está sempre negativa. Ouvimos relatos de pessoas que ficam 15 dias sem gás, não podem comprar livremente, pois o preço é quase de graça, mas tem que pedir e o exercito vem entregar com uma planilha de controle para ver se já deu a cota e não tem choro. A gasolina como já falamos o valor é irrisório, então o governo tem que se preocupar com o contrabando para os países vizinhos.
O povo vive com medo, pois o governo é autoritário e quem tenta contestar vai preso, todas as autoridades são extremamente corruptas, passamos situações em que num raio de 5 km, fomos abordados três vezes e todas tentando de uma maneira nos corromper, como não concordamos com isso nem no Brasil, sempre dizíamos não e após alguns minutos éramos liberados, nunca fomos multados apenas ameaçados.
Próximo de Caracas encontramos uma família aparentemente de classe média que estava se preparando para sair do país escondidos, não é possível sair normalmente do país para viajar, tem que preencher vários requisitos e mesmo assim são proibidos, é proibido comprar dólares, pois desta maneira o governo controla para que ninguém tenha condições de sair do país.
Existe até escutas telefônicas, um retrocesso.
A conclusão que chegamos que está difícil da população se livrar deste governo, pois todas as leis inclusive a constituição dão poderes absolutos aos comandantes atuais, sendo assim sem oposição fica impossível.
Agora deixando o lado negro da Venezuela gostamos demais do país, pois é abençoado, tem todas as opções para o turismo, praias paradisíacas, o litoral é banhado pelo mar do caribe, montanhas com picos altíssimos na cordilheira dos Andes, florestas incríveis, savanas maravilhosas, cachoeiras de todos os tamanhos, inclusive a mais alta do mundo, serras com climas excelentes, comidas saborosas típicas como arepas, cachapas, ervidos, creme de maiz, e muito mais.

Um país rico, com petróleo abundante, muitos minérios, um povo hospitaleiro.







Caminho




Mérida















Aeroporto




San Antonio

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