Venezuela parte 3 – Mérida, San
Cristobal, San Antonio na Fronteira com a Colòmbia
23/10/15 à 13/11/15
Saímos de
Chichiriviche pela manhã e chegamos em Mérida a noite, passamos por diversas
cidades, erramos alguns caminhos, por fim para chegar em Mérida, passamos pela
cordilheira com vista para lindas montanhas e cachoeiras, tomamos um bom café
da serra e comemos morangos com nata, típico do local, quando chegamos lá estava
um temporal, nossa primeira chuva de verdade, nos molhamos muito até encontrar
uma pousada a Juan de Milla, que por sinal muito boa, com ar condicionado, café
da manhã, estacionamento e excelente atendimento por apenas 2.800 bolivares,
(R$18,06), pela manhã fomos conhecer o famoso teleférico que é o maior do mundo
em extensão com 12.5km e altura de 4.765m, sai da cidade de Mérida até o topo
do Pico Espejo no Parque Nacional da Sierra Nevada nos Andes, mas infelizmente
estava fechado para reforma e não tem previsão para abrir (coisas da
Venezuela), como esta terminando o inverno não vimos neve. A cidade é grande
com clima agradável parecido com da nossa região, muito limpa e com ruas
estreitas, depois de comer um enorme e delicioso suspiro terminamos nosso
passeio pelo centro da cidade e seguimos para San Cristoban que chegamos à
noite, não gostamos de chegar à noite nas cidades, pois fica difícil a
localização, e neste dia aconteceu, sofremos com várias informações
desencontradas, até que enfim conseguimos chegar, passamos a noite e logo
seguimos para San Antonio, última cidade da Venezuela na fronteira, seguimos
direto para aduana e fomos surpreendidos por impedirem nossa passagem, sabíamos
que a fronteira estava fechada para os Venezuelanos e Colombianos, pois de
acordo com informações que obtemos durante a viagem para estrangeiros estava
normal, como era domingo não tinha nada aberto, optamos por passar a noite num
hotel para depois resolvermos. A cidade é feia e suja, quase todo o comercio
está fechado devido à fronteira estar fechada, retornamos para maiores
informações e foi ai que encontramos um morador que disse desta maneira, “aqui
quem manda é o General Martinez, foi nomeado o comandante geral da região pelo
Presidente Maduro”, e que deveríamos procurar ele no aeroporto que foi fechado
e ficou de uso exclusivo do exército, tornando-se o QG deles, chegando lá
procuramos o tal General, mas ele não estava, por sorte fomos atendidos pelo
encarregado imediato o Comandante Vianna, que por sinal falava bem português,
pois fez um curso no nosso exército durante 08 meses (coisas do Lula com Hugo
Chaves), ele nos informou que não seria possível e sugeriu que procurássemos
nosso consulado para pressionar as autoridades, contatamos o consulado para nos
auxiliar, disseram que era uma situação nova para eles, no início não
conseguiram nada, mas depois de nossa insistência e passarmos várias
informações da situação entenderam e foram atrás. A partir deste dia ficamos
acampados no estacionamento do aeroporto, o comandante liberou os banheiros e o
que mais fosse necessário, durante este período fizemos nossa comida no
estacionamento, e já estávamos “amigos” dos soldados que inclusive trocamos face
book e outras informações do nosso país, os soldados sempre com metralhadores,
mas com o passar do tempo nem percebíamos o perigo, fizemos muitas amizades com
várias pessoas, inclusive com duas meninas das lojas de variedades a Karla e a
Eliana muito legais, tomávamos banho um dia no acampamento deles que fica na
pista, outro no alojamento dos policiais, e também no alojamento dos soldados
rasos, como sempre as mulheres têm privilégios, a Jô conseguiu tomar banho no
alojamento das mulheres que tinha apenas duas, então tinha um pouco mais de
conforto, num sábado o Marcos jogou futebol com os soldados e oficiais do
exército, sempre nosso consulado entrava em contato conosco e depois de seis
dias o consulado conseguiu contato com uma Igreja brasileira daqui da cidade
que veio até nós para oferecer alojamento e o que for necessário, agradecemos, pois
nessa altura já estávamos bem acomodados em todos os sentidos.
Durante este
período chegou um casal de franceses de 65 anos cada, na mesma situação, e logo
depois outro casal de argentinos, os franceses mal sabiam falar em espanhol e
estavam sofrendo com isso, eles estão viajando durante 08 anos, ficamos muito
amigos deles, são bem amáveis, ela chama-se Madu e ele João Paulo, nos
divertíamos muito com o sotaque deles tentando falar em espanhol, o casal jovem
de argentinos a Eli e o Léo e seu cachorro, sempre atenciosos e ficamos amigos,
moravam no México e estão indo para Argentina de trailer. Uma semana antes de
sairmos chegou outro casal da Itália que estão fazendo o trajeto Ushuaia ao
Alaska, o Narciso um cara de bom humor sempre fazendo brincadeiras e a Lola sua
esposa muito querida, fizemos uma amizade legal com eles que nos convidaram
para almoçar no seu caminhão uma bela pasta, inclusive ele nos filmou para
mostrar como comemos um macarrão.
Durante o período
que estávamos no aeroporto chegou o Juan a Ru e seus filhos para oferecem uma
ajuda, trouxeram uma sopa chamada pisca andina e arepas com queijo, eles são
fabricantes de roupas para bebes na Venezuela, são maravilhosos, ficam aqui
nossos agradecimentos e muitas saudades.
Finalmente
após muitas negociações com as embaixadas fomos autorizados a passar para a Colômbia
no dia 13/11.
No inicio
tínhamos uma visão diferente do fechamento da fronteira, pensávamos que era
apenas uma maneira do governo Venezuelano de chamar a atenção, mas a verdade é
que ele tentou ajudar a população talvez de uma maneira rigorosa, o que ocorre
é que a Venezuela fornece alguns tipos de alimentos subsidiados, que fica
barato para a população, mas como a Colômbia tem um custo de vida mais caro, o
povo cruza a fronteira para comprar aqui, pois a moeda deles é mais forte, e
neste caso faltam alimentos na cidade, inclusive o povo da Venezuela vai à
Colômbia para vender estes produtos para ganhar algum dinheiro.
Queremos
explicar melhor como está a situação na fronteira, há dois meses foi fechada
sem aviso prévio, então ficou Venezuelano na Colômbia sem poder retornar e
vice-versa, o exercito tomou a cidade e fez do aeroporto seu QG, aonde o povo
vem para pedir a liberação de seus familiares para passar na fronteira, vimos
muitas dessas chorando e infelizmente não são atendidos, casos como um
Colombiano que mora e tem família na Colômbia e ficou aqui sozinho e não pode
retornar, outro de uma mãe que esta com sua filha na Colômbia e não consegue
buscar, entre vários casos, este tipo de atendimento deveria ser feito por
pessoas treinadas e não por soldados, o que ouvimos era sempre assim, “não
podemos fazer nada é uma decisão do governo” e sempre achavam algum documento
que estava faltando para poder dizer não.
Durante o
tempo em que ficamos aguardando chegou um pessoal com um carro de funerária e
um caixão dentro, não conseguimos saber qual era o pedido, mas parece que
queriam levar o corpo para a Colômbia para enterrar e não foram autorizados.
Vamos falar o
que vimos da Venezuela....
O país
enfrenta sérias dificuldades e o povo está sofrendo muito, o sistema de governo
implantado pelo Hugo Chaves e agora com Nicolas Maduro, o socialismo, está
provado que não funciona.
Foram
desapropriadas várias empresas e nacionalizadas outras, mas agora não produzem
nada, e o governo não tem competência para administrá-las.
O governo
fornece os principais itens da cesta básica com valores subsidiados, o cidadão
tem um cadastro e só pode comprar a quantidade estipulada e sempre é pouca,
então está faltando itens nos mercados gerando filas para ver se conseguem
alguma coisa, como o país não produz praticamente nada a reposição está sempre
negativa. Ouvimos relatos de pessoas que ficam 15 dias sem gás, não podem
comprar livremente, pois o preço é quase de graça, mas tem que pedir e o
exercito vem entregar com uma planilha de controle para ver se já deu a cota e não
tem choro. A gasolina como já falamos o valor é irrisório, então o governo tem
que se preocupar com o contrabando para os países vizinhos.
O povo vive
com medo, pois o governo é autoritário e quem tenta contestar vai preso, todas
as autoridades são extremamente corruptas, passamos situações em que num raio
de 5 km, fomos abordados três vezes e todas tentando de uma maneira nos
corromper, como não concordamos com isso nem no Brasil, sempre dizíamos não e
após alguns minutos éramos liberados, nunca fomos multados apenas ameaçados.
Próximo de
Caracas encontramos uma família aparentemente de classe média que estava se
preparando para sair do país escondidos, não é possível sair normalmente do
país para viajar, tem que preencher vários requisitos e mesmo assim são
proibidos, é proibido comprar dólares, pois desta maneira o governo controla
para que ninguém tenha condições de sair do país.
Existe até
escutas telefônicas, um retrocesso.
A conclusão
que chegamos que está difícil da população se livrar deste governo, pois todas
as leis inclusive a constituição dão poderes absolutos aos comandantes atuais,
sendo assim sem oposição fica impossível.
Agora deixando
o lado negro da Venezuela gostamos demais do país, pois é abençoado, tem todas
as opções para o turismo, praias paradisíacas, o litoral é banhado pelo mar do
caribe, montanhas com picos altíssimos na cordilheira dos Andes, florestas
incríveis, savanas maravilhosas, cachoeiras de todos os tamanhos, inclusive a
mais alta do mundo, serras com climas excelentes, comidas saborosas típicas
como arepas, cachapas, ervidos, creme de maiz, e muito mais.
Um país rico,
com petróleo abundante, muitos minérios, um povo hospitaleiro.
Caminho
Mérida
Aeroporto
San Antonio
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